02/04/2008

139 - Rua Nicolau Tolentino de Almeida

Nicolau Tolentino de Almeida, poeta satírico português, nasceu em Lisboa, em 1740. Estudou direito em Coimbra, em 1767, torna-se professor de retórica e de poética e ocupa um cargo de funcionário da secretaria de estado dos Negócios do Reino.
A obra de Tolentino de Almeida abarca sonetos, odes, memoriais e sátiras, entre outros géneros; apenas em 1801 o poeta reuniu os seus textos em volume, com o nome de Obras Poéticas.
As sátiras de Tolentino, retratam irónicamente a mesquinhez dos costumes, a pelintrice das aparências, a insensatez de certos grupos sociais. Do ponto de vista estilístico, a obra do poeta caracteriza-se pela sua simplicidade, longe das métricas próprias dos poetas neoclássicos. O seu verso aproxima-se das formas populares, e o seu tom da coloquialidade, o que contribui para os efeitos de denúncia de vícios corriqueiros, de episódios quotidianos. É considerado por muitos um dos grandes vultos literários do século XVIII português e um dos maiores satíricos nacionais eis um exemplo:

Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a mãe ordena
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali ou a criada

A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz coa doce voz que o ar serena:
- «Sumiu-se-lhe um colchão? É forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada...»

- «Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que, por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?» E, dizendo isto,

Arremete-lhe à cara e ao penteado.
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado!...

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